O Brasil e o mundo acompanharam com um misto de revolta, tristeza e perplexidade a tragédia ocorrida ontem no Rio de Janeiro.
Wellington Menezes de Oliveira, um jovem de 24 anos e sem antecedentes criminais, adentrou uma escola de ensino fundamental em Realengo, sob a alegação de realizar uma palestra. Munido de dois revólveres calibre 38 e equipamento para carregar rapidamente as armas, disparou e matou covardemente 12 crianças e adolescentes e depois cometeu suicídio.
É difícil não lembrar de massacres semelhantes acontecidos nos EUA e na Europa, como a tragédia de Columbine. Até ontem, muitos brasileiros achavam que tais episódios eram uma exclusividade americana. A própria presidente Dilma Rousseff, muito emocionada chegou a dizer que “não era característica do país ocorrer este tipo de crime”. Tamanha barbárie não pode ser característica de nação nenhuma, mas sim de sujeitos transtornados por algum tipo de psicose.
Muito tem se falado sobre o perfil do criminoso. Dizem que ele teria sido vítima bullyng na mesma escola em que houve a chacina, que seria traumatizado na infância dentro de seu ambiente familiar ou mesmo que ele estaria motivado por algum tipo de fanatismo religioso ou loucura. Todas essas questões podem até nos ajudar a entender como alguém é capaz de cometer um ato tão infeliz, mas neste momento, existem pontos mais importantes e essenciais a serem discutidos.
O fato é que o uso de armas de fogo aumenta a dimensão trágica de eventos como o de ontem. Tanto faz se arma que Wellington usou na escola era legal ou ilegal. A pergunta que não quer calar é: como um sujeito como ele pode ter acesso a uma arma com tanta facilidade?! De quem é a culpa por esses e tantos outros episódios sangrentos envolvendo armas de fogo invadirem nosso cotidiano?
A culpa é das ineficazes políticas públicas de segurança, que são incapazes de impedir que milhares de armas passem ilegalmente por nossas fronteiras. A culpa é da corrupção que faz com que muitas armas apreendidas pela polícia voltem para as ruas, abastecendo o arsenal de traficantes, ladrões e psicopatas como Wellington.
É claro que o uso de armas de fogo pode sim evitar crimes, mas desde que elas estejam nas mãos das pessoas certas. Por isso mesmo, é preciso também, impor limites ao uso de armas por civis, pois tem muito cidadão que só possui uma arma pra usá-la na próxima briga irrelevante que tiver.
Vale lembrar que o mesmo país que hoje está de luto oficial, há cinco anos atrás votou NÃO no referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições.
Coincidentemente, o caso que ganhou ampla repercussão na mídia e que causou uma comoção coletiva no Brasil ocorreu no mesmo dia em que se comemora no país o Dia do Jornalista. Talvez seja hora dos meios de comunicação deixarem de lado o sensacionalismo e a exploração exagerada da dor dos colegas e familiares das vítimas, fazer valer o seu papel fiscalizador e discutir o que realmente importa.
Por João Vitor Figueira
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