O despertar dos dragões


Na manhã de hoje, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro assistiu a mais um protesto contra as condições precárias de funcionamento da instituição. Desta vez, cerca de duzentos e cinqüenta estudantes protestaram ao redor do Campus Maracanã, fechando temporariamente as avenidas da região.
Essa manifestação é o segundo ato do gênero neste mês. Na semana passada, representantes do Sintuperj estiveram em frente a Secretaria de Ciência e Tecnologia reivindicando o aumento de salário para a categoria, estagnado há sete anos. Enquanto isso, alunos do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas pediam reposição de professores, a segunda em menos de um ano.
Os atos que ocorrem desde o início do último semestre refletem a situação da UERJ de forma bastante clara. A falta de professores, devido a inexistência de concursos nos últimos sete anos, o aumento irrisório dado aos servidores após a greve de 2006 e o sucateamento da infra-estrutura geral e acadêmica (vide a queda de blocos de concreto da rampa do décimo-segundo andar, em janeiro do ano passado) explicam os resultados de baixa qualidade obtidos em pesquisas e no ENADE.
Mais que simples protestos, as manifestações são uma voz de que a comunidade acadêmica espera mudanças substanciais nas suas condições. Desde os governos Garotinho, os investimentos na Universidade não foram sequer proporcionais a entrada de alunos, principalmente oriundos do sistema de cotas. Apesar da promessa, o atual governador Sérgio Cabral, após oito meses de mandato, ainda não cumpriu os planos que prometeu quando esteve em sua posse como chanceler, em fevereiro. Faz justamente o contrário: um corte de R$ 35 mi no orçamento da instituição no próximo ano.
É imperativa a mudança dessa política. A comunidade acadêmica, apesar das medidas-placebo adotadas pelo governador, como o conserto das rampas e a manutenção das oficinas da UNATI, ainda é muito carente e necessita de cuidados especiais. Porém, o uso do spray de pimenta pela Polícia Militar durante o protesto de hoje evidencia que a intenção não é essa. Cabe agora aos corpos acadêmicos, em princípio o discente (hoje cerca de 30 mil pessoas) cobrar energicamente a aplicação de recursos na melhoria da estrutura universitária. Trata-se de um ato de superação de diferenças para a obtenção do todo, o que não é feito há tempos.
Cabral precisa ter muita atenção, pois uma nova greve não é impossível e, se mantidas as condições, mais uma categoria vai parar. Desta vez, com o apoio do corpo estudantil.



P.S.: Devido a motivos de força maior, o Telejornal UERJ Online não vai ao ar nesta quarta-feira. No entanto, a cobertura completa dos protestos de hoje estará no ar na edição de amanhã.

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