Recado do Ombudsman - Apartidarismo

Nesta semana, a TV UERJ Online recebeu, através de lista de discussões do Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS), uma denúncia, feita pelo Coletivo Moinho, sobre uma reunião entre os Centros Acadêmicos da UERJ e a Vice-Reitoria da universidade, a fim de alterar a origem de renda das entidades representativas dos estudantes. De acordo com os denunciantes, apenas CAs que teriam afinidades políticas com o DCE teriam recebido o convite para o encontro, que aconteceria na última segunda-feira.

Na segunda-feira, a TV UERJ Online, por meio de Danielle Vargas, estagiária e também membro do CACOS, um telefonema de representante do DCE desmentindo a história. O grupo de colaboração do projeto conversou com os estagiários, a fim de evitar a publicação da notícia sem a apuração necessária, sendo logo acatado por todos.

Este caso é uma situação delicada no jornalismo de uma forma geral, desde os mais simples grupos até as esferas mais poderosas, como a presidência da República. No ano passado, em meio ao primeiro turno das eleições para diversos setores da Universidade, foi recebida uma denúncia, também por meio de membros do DCE, de que um candidato ao Centro de Ciências Sociais estaria rasgando cartazes de uim rival político. Na época, a SECOM, organização responsável pela organização do pleito, não havia recebido nenhuma reclamação a respeito.

Em situações como essa, em que há claro beneficiamento de um dos lados, o profissional de comunicação, seja ele estagiário ou jornalista formado, deve tomar muito cuidado. Em manuais de grandes empresas de comunicação, há recomendações de condutas que devem ser seguidas:

"Para evitar a divulgação inconseqüente de ganchos construídos ou notícias 'plantadas', o jornalista deve ser crítico em relação a (...) boatos, (...) informações difundidas por grupos, partidos ou organizações(...)" (Manual da Redação: Folha de S.Paulo . São Paulo, Publifolha, 2006, p.25)
"Como não há denúncias gratuitas - e poucas delas são inocentes - a mais salutar atitude em face do denunciante (...) é a desconfiança, que deve presidir o exame: 1) da credibilidade de quem denuncia; 2)da verossimilhança do que ele conta; 3)das vantagens ou do prazer que lhe dará a publicação das acusações" (Manual de Redação e Estilo/organizado e editado por Luiz Garcia. São Paulo, Globo, 2005, 29ª Ed., p.48)
Em ambas as situações, as duas denúncias possuíam claro interesse em divulgar o que acontecia para que fossem beneficiadas posteriormente. Como não foram encontrados dados substanciais para a divulgação, as pautas ainda não foram publicadas, o que, ao meu ver, foi a decisão que deveria ter sido tomada. Os boatos podem ser verdadeiros, mas é leviano um meio de comunicação deixar esse boato explícito se não há contrapartida.
Esse caso serviu de lição para esses novos personagens que atuam no jornalismo. E a decisão tomada fez valer o direito do espectador de não ter ao seu dispor notícias levianas e mal apuradas, o que diversos meios de comunicação fazem ou por descuido ou para vender seu peixe. Nessa história, perde o consumidor, com um produto estragado, e ganha o intermediário, que logra seu objetivo, muitas vezes difamatório.

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