Greve: Corda Bamba


Apesar de a mídia estar falando pouco sobre o assunto, sabemos que quase todas as Universidades Federais do Brasil estão em greve, além delas, a Uerj. Professores, técnicos-administrativos e alunos estão mobilizados para que as condições do ensino público brasileiro melhorem. Porém, quem realmente está priorizando os interesses gerais da comunidade acadêmica? Muitos, pelo o que vemos, pensam: a universidade ficará em greve, estou de férias. Isso é um pensamento digno? Cada vez mais as pessoas estão sendo condicionadas a pensar somente em si próprios. Toda essa mobilização não funcionará caso não haja união. Se as pessoas ficarem em casa, quando os professores terão suas reivindicações atendidas? 


Mas nos questionamos: qual a definição ideológica de uma greve e o que a legitima?

O instituto da greve, inicialmente, foi encarado como uma espécie de delito, um movimento contrário à lei, especialmente pelo sistema corporativo. Como exemplo podemos citar o Direito Romano que proibia qualquer associação e reunião entre os trabalhadores.

Ao contrário do resto do mundo, no Brasil houve uma inversão da ordem de evolução acerca do direito de greve, pois tal direito começou sendo visto como liberdade, passou a ser visto como delito durante as ditaduras e, posteriormente foi considerado direito jurídico legal.

Por definição, ‘greve’ é a suspensão temporária e coletiva do trabalho condicionado à aprovação de representantes da categoria, no caso, os sindicatos, mediante assembleia com o intuito de reivindicar melhores condições de trabalho, ampliação dos direitos ou evitar a perda de benefícios. Esse direito está assegurado pelo artigo 9º da Constituição Federal de 1988 e prevê que, após ocorrerem tentativas frustradas de negociação, é legalizado aos trabalhadores o direito a greve. 

Percebe-se que, mais do que uma forma legal de manifestação dos trabalhadores por melhorias, a greve se constitui como um importante instrumento de mobilização em prol de interesses coletivos. Isso credita a ela um caráter não só de luta política contra as instituições que oprimem os trabalhadores, mas também como exercício de cidadania, direitos humanos, identidade coletiva e solidariedade. Tudo muito ideológico, mas e na prática? Quanto mais se prolonga essa situação de corda bamba, mais há desgaste entre grevistas e governo, e mais riscos dessa corda arrebentar.


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